Liberdade e democracia. Troca de críticas entre Trump e Harris marca campanha nos EUA

por Inês Moreira Santos - RTP
EPA

Começou a contagem decrescente paras as Eleições Presidenciais nos Estados Unidos: faltam menos de cem dias para os norte-americanos escolherem o sucessor de Joe Biden. Depois da tentativa de assassinato de Donald Trump e da saída inesperada de Biden, o que tem marcado as campanhas eleitorais nos últimos dias são as trocas de críticas e insinuações entre os candidatos. Kamala Harris, nova candidata democrata na corrida à Casa Branca, acusou o oponente republicano de ser "esquisito" e de ameaçar "a democracia" no país.

A ainda vice-presidente Kamala Harris, este fim de semana, acusou Donald Trump de ser "simplesmente esquisito". Na mesma linha, Trump pintou Harris como "má", "doente" e "desequilibrada".

As trocas de farpas nas ações de campanha ecoaram após uma semana marcada pela desistência de Joe Biden à recandidatura e pelas sondagens que indicam que Harris estará à frente de Trump.

A candidata democrata disse, este sábado numevento privado em Pittsfield, Massachusetts, que grande parte da retórica de Trump e do candidato republicano a vice-presidente, o senador dos EUA JD Vance, era "simplesmente esquisita".

A palavra “estranha” foi a mais utilizada por Harris para descrever os opositores políticos. Como que numa nova estratégia, a campanha democrata ainda classificou Trump como “velho e muito esquisito”, após uma entrevista que o candidato republicano deu à Fox News na quinta-feira passada. Nas palavras dos democratas, a candidatura de Kamala Harris é sobre o futuro dos Estados Unidos e a de Donald Trump quer devolver ao país um “passado sombrio”.

Em reação aos ataques democratas, Trump aproveitou um comício em St. Cloud, no Minnesota, para acusar Harris de ir “destruir o país”, referindo-se sobretudo a questões ligadas à Segurança e à Imigração.

"Se uma liberal louca como Kamala Harris entrar, o sonho americano estará morto", disse Trump, acrescentando que Harris é "ainda pior" do que Biden.

Este recente discurso do ex-presidente, onde voltou a alegar fraude eleitoral, apagou o breve apelo por união que fez após a tentativa de assassinato de que foi alvo.

"Todos dizem: 'Acho que ele mudou'”, disse Trump. "Não, não mudei. Talvez eu tenha piorado”.

Num outro comício que decorreu na Florida, Trump dirigiu-se aos participantes, na maioria cristãos, para dizer que caso votem na sua candidatura presidencial “em quatro anos não terão de votar de novo”.

“Vamos fazer tudo tão bem que não será necessário que votem”, afirmou.

E num comunicado divulgado na rede social X, a campanha de Trump fez alusão às afirmações de Trump nos últimos meses e questionou o seu respeito pela democracia norte-americana.

Em entrevista à Fox News em dezembro passado, recorde-se, Trump assegurou que no caso de vitória eleitoral nas presidenciais de 5 de novembro será um ditador, mas apenas “no primeiro dia”, para encerrar a fronteira sul com o México e aumentar a exploração de petróleo.

Por seu lado, a campanha da vice-presidente dos EUA atacou Trump por sugerir aos apoiantes que caso seja eleito, “não terão de voltar a votar”.

Em comunicados, a equipa de Harris considerou que as palavras de Trump implicam na prática “uma promessa para acabar com a democracia”.

“Quando a vice-presidente Harris afirma que, nestas eleições, está em jogo a liberdade, di-lo seriamente. A nossa democracia está a ser atacada pelo criminoso Donald Trump. Após os últimos comícios, disse perante uma turba para serem anulados os resultados eleitorais”, indicou a campanha de Harris em comunicado numa alusão ao ataque ao Capitólio em 06 de janeiro de 2021.
Trump e o senador JD Vance intensificaram os esforços para enquadrar Harris como uma política de extrema-esquerda, sem contacto com o norte-americano comum.

Nas palavras de Vance, Harris é "uma radical".

“As pessoas vão conhecer o historial dela”, disse Vance. "Vão aprender que ela é basicamente uma liberal de São Francisco que quer levar as políticas de São Francisco a todo o país".


Entretanto, a campanha de Kamala Harris já arrecadou 200 milhões de dólares desde que surgiu como provável candidata presidencial democrata na semana passada, um resultado impressionante na sua corrida contra o candidato republicano Donald Trump.

A campanha, que anunciou o mais recente total de angariação de fundos, afirmou que a maior parte das doações vem de contribuintes iniciantes no ciclo eleitoral de 2024 e foram feitas depois de o Presidente Joe Biden ter anunciado a sua saída da corrida e o apoio a Harris.

Mais de 170 mil voluntários também se inscreveram para ajudar a campanha de Harris com serviços bancários por telefone, campanhas e outros esforços para conseguir votos. Faltam 100 dias para o dia das eleições.
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